O diabo vem há muito tempo utilizando a velha estratégica que tem levado boa e muita gente para o inferno e à desgraça. Esta velha estratégica é: USAR TEXTOS ISOLADOS E TORCIDOS, FORA DO CONTEXTO, COM SENTIDO DE AVALIZAR OU DAR LEGALIDADE AO PECADO. E UM DOS TEMAS MAIS USADOS POR ele é: aquele referente ao uso de bebidas alcoólicas "COM MODERAÇÃO"; QUE JESUS TERIA TRANSFORMADO ÁGUA EM VINHO EMBRIAGANTE NAS BODAS DE CANÁ (João 2); e o TEXTO PROVÉRBIOS 31.6 e 7.
Neste estudos esclarecer você poderá tirar suas dúvidas e não mais ser levado em volta pelo engano de satanás e por ventos e doutrinas ("Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente." (Efésios 4 : 14) -"Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza;" (II Pedro 3 : 17) -"Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;" (I Pedro 5 : 8).
I - DEZ PROVAS QUE JESUS NUNCA FEZ NEM BEBEU VINHO ALCOÓLICO:
1. Por causa da Sua Santa Natureza.
Em Heb. 7:26 lemos que o Senhor Jesus é "santo,
inocente, imaculado, separado dos pecadores." Sem dúvida que
"Deus se manifestou em carne" (1Tim. 3:16), se tornando o
Salvador-Homem. Ele poderia ser visto por qualquer pessoa e elas viam
a Sua total santidade. Profanos soldados, por exemplo, que foram
enviados para prendê-lO, deram a desculpa de não terem trazido-O, a
de que "Nunca homem algum falou assim como este homem."
(Jo. 7:46). As palavras de Jesus eram diferentes, Ele sem sombra de
dúvida tinha caráter, fala e aparência santos. Por que isso é tão
importante? Considere essa ilustração. A palavra "cidra"
pode significar o vinho alcoólico ou simplesmente suco de uva.
Suponhamos que nós vivêssemos durante os anos de 1920, durante o
período da proibição de álcoolismo nos Estados Unidos (aliás um
período maravilhoso de diminuição drástica da criminalidade).
Suponhamos que se aproximassem duas pessoas oferecendo um gole de
cidra. Uma das pessoas, o homem mais santo da cidade, fiel na casa de
Deus, separado do mundo, diligente em suas orações, e sempre
testemunhando a outros; o outro um vendedor de bebida alcoólica. Se
ambos oferecessem um gole de sua "cidra," nós assumiríamos
que o que o homem santo estava a oferecer era suco de uva e não
haveria dúvida alguma sobre o que o vendedor de álcool estava se
referindo. Obviamente, o caráter da pessoa influencia o que essa
pessoa faz. Desde que Jesus Cristo era "santo, inocente,
imaculado, separado dos pecadores," nós podemos assumir
seguramente que Ele não faria o aquilo que as Escrituras chamam de
algo escarnecedor, enganador dos homens, algo que causa desgraças
indescritíveis.
2. Por que Ele não poderia
contradizer as Escrituras.
Em Mt. 5:17-18, Cristo deixou muito claro
dizendo: Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim
abrogar mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu
e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que
tudo seja cumprido." Portanto, Cristo não poderia ter entrado
em contradição com Hab. 2:15 que diz: "Ai daquele que dá de
beber ao seu companheiro! Ai de ti, que adiciona à bebida o teu
furor, e o embebedas para ver a sua nudez! Certamente
Jesus sabia que esse verso estava na Bíblia, pois Ele é o Autor
dela! Ele não apenas era muito bem familiarzado com as Escrituras,
mas como Dono e Autor, Ele sabe que acerca dEle as Escrituras foram
escritas. Ele não veio para violar as Escrituras, mas para
cumprí-las. Ele não poderia fazer isso se tivesse feito vinho
alcoólico e se o tivesse dado ao seu próximo. Algumas pessoas
tentam refutar o uso desse verso e essa conclusão clara, dizendo que
a aplicação seria apenas para aquele que estava dando de beber ao
seu próximo com a intenção de descobrir a nudez. O pecado seria
apenas a intenção, não o beber álcool. Entretanto, mesmo que não
haja essa intenção, devemos nos lembrar que quando alguém dá ao
seu próximo algo que o faz bêbado, ele já está pecando e está
colocando a si mesmo na mesma classe daqueles que têm a intenção:
o resultado será o mesmo: a nudez.
E como as Escrituras ordenam que evitemos "toda a aparência do mal" (1Ts. 5:22), nós podemos ter a certeza de que o Senhor Jesus jamais poderia ter feito algo que o associaria com tal prática maligna descrita em Hab. 2:15. Pela mesma razão, nenhum crente deveria se envolver na venda de bebida alcoólica.
E como as Escrituras ordenam que evitemos "toda a aparência do mal" (1Ts. 5:22), nós podemos ter a certeza de que o Senhor Jesus jamais poderia ter feito algo que o associaria com tal prática maligna descrita em Hab. 2:15. Pela mesma razão, nenhum crente deveria se envolver na venda de bebida alcoólica.
3. Porque em Lev. 10:9-11, há o
mandamento de que o sacerdote de Deus não podia beber vinho nem
bebida forte.
"Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu
nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da congregação,
para que mão morrais... para fazer diferença entre o santo e o
profano e entre o imundo e o limpo. E para ensinar aos filhos de
Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado..."
Agora, desde que em Heb. 2:17 chama Cristo de "misericordioso e
fiel sumo sacerdote," nós esperaríamos que ele
obedecesse todas a Escritura, inclusive o que diz respeito ao seu
ofício. Se Ele tivesse feito ou bebido vinho alcoólico, Ele teria
desobedecido esses versos e teria se desqualificado para ensinar os
filhos de Israel os estatutos do Senhor.
4. Porque, como já visto, em Prov.
31:4-5 está a proibição para reis e príncipes beberem vinho
alcoólico ou qualquer outra bebida forte. Se eles o fizessem, seus
julgamentos seriam pervertidos.
Era necessário para Cristo obedecer estes versos
também, pois Ele é o Príncipe da Paz (Isa. 9:6), e Rei dos reis
(Apoc. 19:16). Em Mat. 27:11 Ele admitiu ser o Rei dos Judeus. Ele
montou num jumentinho para cumprir Zac. 9:9, que profetizou que o rei
de Israel entraria na cidade daquela maneira. Sem dúvida, desde que
Ele era Rei, como tal Ele jamais poderia ter bebido vinho alcoólico,
pois teria que ter obedecido Pv. 31:4-5.
5. Porque Cristo não veio
para escarnecer nem enganar as pessoas.
Entretanto, em Prov. 20:1 lemos que o vinho alcoólico
faz as duas coisas. Ao invés de escarnecer e enganar, ele veio para
salvar!
6. Porque Cristo não veio para mandar as pessoas para o Inferno.
Nós já vimos que Isa. 5:11-14 ensina que o Inferno
irá se alargar por causa da bebida alcoólica. Cristo não veio para
mandar pessoas para o Inferno. Ouçamos Jo. 3:17: "Porque Deus
enviou o Seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas
para que o mundo fosse salvo por ele."
7. Porque Cristo não veio para lançar uma pedra de tropeço perante ninguém.
Todavia, lemos em Rom. 14:21 que a pessoa que dá
bebida alcoólica a outra, faz exatamente isso. "Bom é não
comer carne, nem beber vinho, nem fazer coisas em que teu irmão
tropeçe, ou se escandalize ou enfraqueça." Qualquer um que
tenha estudado o problema do alcoolismo, aprendeu que algumas pessoas
não podem lidar com nenhuma quantidade de álcool, enquanto que
outras podem beber um ou dois copos "socialmente" e parar.
Especialistas não sabem porque isso acontece. Várias teorias foram
propostas, mas nada foi provado quanto a algo comum a todas as
pessoas afetadas. Alguns dizem que é químico, outros insistem que
deve ser psicológico. O fato é que nós não sabemos com certeza.
Em qualquer grupo de pessoas, pode haver vários alcoólatras em
potencial, caso eles comecem a beber. Que lástima, para uma pessoa,
que seria um escravo em potencial, provar o primeiro gole de álcool
na mesa do Senhor em uma igreja, e então prosseguir no caminho
miserável do alcoolismo até o túmulo! Eu certamente não iria
querer que os meus filhos provassem o primeiro gole (nem gole algum)
numa reunião de família, muito menos numa igreja. Um ou mais deles
poderiam ser alcoólicos em potencial. Como isso é possível,
devemos considerar que algumas denominações que servem vinho
alcoólico em seus cultos, também possuem casas de recuperação de
alcoólatras para seus oficiantes! Todavia, podemos ficar
absolutamente seguros que Cristo não veio para causar que outros
tropeçassem!
8. Porque não há motivo algum para que o vinho de Caná em João 2 tenha sido alcoólico.
Muitos insistem que aquele vinho era alcoólico com
base em João 2:10 que diz: "Todo o homem põe primeiro o vinho
bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu
guardaste até agora o bom vinho." Eles dizem que naqueles
dias era comum servir o melhor vinho alcoólico no começo da festa e
guardar o pior para depois, quando o paladar das pessoas já
estivesse estragado pela bebedeira. Todavia o ponto é exatamente o
oposto aqui! Essas pessoas podiam reconhecer com certeza, que o vinho
que Jesus fez era muito melhor do que o que fora servido no início.
Isso não seria possível se eles já estivessem no estado de
intoxicação alcoólica! O argumento se auto destrói. O fato
é que nenhum dos dois era alcoólico, mas puro suco de uva.
.
Porque o Senhor Jesus Cristo não teria recebido glória alguma se
tivesse feito pessoas bêbadas, mais bêbadas ainda!
O verso 11 é de suma importância quando declara
que, por intermédio desse milagre, Jesus "manifestou a sua
glória." O verso 10 indica que as pessoas já tinham bebido
"bem" daquilo que estavam bebendo. Se aquilo que estavam
bebendo fosse álcool, eles estariam intoxicados ou quase. Se Cristo
tivesse feito vinho alcoólico, Ele teria feito gente quase bêbada
em mais bêbada ou completamente bêbada! Tal feito, com certeza,
jamais poderia trazer nem manifestar glória nenhuma nEle.
10. Porque fazer pessoas bêbadas mais bêbadas ainda, jamais poderia fazer com que os discípulos cressem mais fortemente nEle.
Todavia no verso 11, lemos que como resultado do que
Ele fez, transformar água em vinho, "seus discípulos creram
nEle." Em Jo. 1:41, vemos que eles já criam nEle como Messias;
isso entretanto, aprofundou a fé deles e uma prova de que eles não
estavam errados. Será que fazer pessoas bêbadas, mais bêbadas iria
inspirar tal fé? O oposto é o que aconteceria. Eles não procuravam
por um Messias que distribuísse álcool de graça! Portanto, por
causa da descrição desse milagre e o seu resultado, não podemos
concluir outra coisa senão que esse vinho era suco de uva.
Em João 2, vemos que Jesus transformou água em “vinho” nas bodas de Caná. Que tipo de vinho era esse? Conforme já vimos, podia ser fermentado ou não, concentrado ou diluído. A resposta deve ser determinada pelos fatos contextuais e pela probabilidade moral. A posição desta Bíblia de Estudo (Bíblia de Estudo Pentecostal) é que Jesus fez vinho (oinos) suco de uva integral e sem fermentação. Os dados que se seguem apresentam fortes razões para rejeição da opinião de que Jesus fez vinho embriagante.
(1) O objetivo primordial desse milagre foi manifestar a sua glória (João 2:11), de modo a despertar a fé pessoal e a confiança em Jesus como o Filho de Deus, santo e justo, que veio salvar o seu povo do pecado. (João 2:11 ; cf. Mateus 1:21). Sugerir que Cristo manifestou a sua divindade como o Filho Unigênito do Pai (1:14), mediante a criação milagrosa de inúmeros livros de vinho embriagante para uma festa de bebedeiras (João 2:10; onde subentende-se que os convidados já tinham bebido muito), e que tal milagre era extremamente importante para sua missão messiânica, requer um grau de desrespeito, e poucos se atreveriam a tanto. Será, porém, um testemunho da honra de Deus, e da honra e glória de Cristo, crer que Ele criou sobrenaturalmente é o mesmo suco de uva que Deus produz anualmente através da ordem natural criada (ver 2:3). Portanto, esse milagre destaca a soberania de Deus no mundo (3:1-15). Devido a esse milagre, vemos a glória de Cristo “como a glória do Unigênito do Pai” (1:14; cf. 2:11).
(2) Contraria a revelação bíblica quanto a perfeita obediência de Cristo a seu Pai celestial (cf. 4:34; Fp 2:8,9
) supor que Ele desobedeceu ao mandamento moral do Pai: “Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho…e se escoa suavemente”, i.e., quando é fermentado (Provérbios 23:31). Cristo por certo sancionou os textos bíblicos que condenam o vinho embriagante como escarnecedor e alvoroçador (Provérbios 20:1), bem como as palavras de Habacuque 2:15: “Ai daquele que dá de beber ao seu companheiro!…e o embebedas” (cf. Levítico 10:8-11; Provérbios 31: 4-7; Isaías 28:7; Romanos 14:21).
(3) Note, ainda, o seguinte testemunho da medicina moderna. (a) Os maiores médicos especialistas atuais em defeitos congênitos citam evidências comprovadas de que o consumo moderado de álcool danifica o sistema reprodutivo das mulheres jovens, provocando abortos e nascimentos de bebês com defeitos mentais e físicos incuráveis. Autoridades mundialmente conhecidas em embriologia precoce afirmam que as mulheres que bebem até mesmo quantidades moderadas de álcool, próximo ao tempo da concepção (c. 48 horas), podem lesar os cromossomos de um óvulo em fase de liberação, e daí causar sérios distúrbios no desenvolvimento mental e físico do bebê. (b) Seria teologicamente absurdo afirmar que Jesus haja servido bebidas alcoólicas, contribuindo para o seu uso. Afirmar que Ele não sabia dos terríveis efeitos em potencial que as bebidas inebriantes têm sobre os nascituros é questionar sua divindade, sabedoria e discernimento entre o bem e o mal. Afirmar que Ele sabia dos danos em potencial e dos resultados deformadores do álcool, e que, mesmo assim, promoveu e fomentou seu uso, é lançar dúvidas sobre a sua bondade, compaixão e seu amor.
A única conclusão racional, bíblica e teológica acertada é que o vinho que Cristo fez nas bodas, a fim de manifestar a sua glória, foi o suco puro e doce de uva, e não fermentado.
Fonte:
Fontes: Eu (Pr. nonato Ramos); e
http://solascriptura-tt.org/VidaDosCrentes/ComerBeber/FezJesusVinhoAlcoolico-BLackey.htm
Bíblia de Estudo Pentecostal (Editora CPAD - 1995 - Páginas 1572 e 1573)
II - O TEXTO DE PROVERBIO 31. 6 e 7
É
inadmissível que o escritor inspirado tivesse a intenção de
aprovar ou prescrever o embriagamento como meio de alguém
esquecer-se de seus problemas de seus problemas ante aproximação da
morte.. A receita de Deus para aflição é o ser humano buscá-lo em
oração em oração, e não recorrer à bebida embriagante (Salmos
12.25; 30; 34.
Este
versículo pode e deve ser interpretado como uma expressão irônica
significando que a bebida forte tem a ver com aqueles que já
arruinaram a sua vida e que não tem esperança, e não com os reis e
governantes sábios que devem ser totalmente abstinentes (vv.4 e 5).
Os versículos 8 e 9 descrevem o modo apropriado de se lidar com os
prejudicados, cujos direitos foram violados (cf. v.5): o justo deve
defender os direitos dos injustiçados.
Recomendar
a embriaguez para ajudar alguém a esquecer dos seus problemas não
os solucionaria; ante, criaria mais problemas. A tentativa de aliviar
problemas através da embriaguez, pode ser método do mundo, mas não
de Deus.
Fonte: Biblia de Estudo Pentecostal (Editora CPAD - 1995 - Página 962)
III - VINHO NO VELHO E NOVO TESTAMENTO
De um modo geral, há duas palavras hebraicas traduzidas por “vinho” na Bíblia.
(1) A primeira palavra, a mais comum, é yayin, um termo genérico usado 141 vezes no AT para indicar vários tipos de vinho fermentado ou não fermentado (ver Neemias 5: 18, que fala de “todo o vinho [yayin]” = todos os tipos). (a) Por um lado, yayin aplica-se a todos os tipos de suco de uva fermentado (Gênesis 9: 20-21; Gênesis 19: 32-33; I Samuel 25:36-37; Provérbios 23:30-31). Os resultados trágicos de tomar vinho fermentado aparecem em vários trechos do AT, notadamente em Provérbios 23:29-35 (ver a próxima seção). (b) Por outro lado, yayin também se usa com referência ao suco doce, não fermentado, da uva. Pode referir-se ao suco fresco da uva espremida. Isaías profetiza: “já o pisador não pisará as uvas [yayin] nos lagares” (Is 16:10); semelhantemente, Jeremias diz: “fiz que o vinho [yayin] acabasse nos lagares; já não pisarão uvas com júbilo” (Jr 48:33). Jeremias até chama de yayin o suco ainda dentro da uva (Jeremias 40:10-12). Outra evidência que yayin, às vezes, refere-se ao suco não-fermentado da uva temos em Lamentações, onde o autor descreve os nenês de colo clamando às mães, pedindo seu alimento normal de “trigo e vinho” (Lm 2:12). O fato do suco de uva não-fermentado poder ser chamado “vinho” tem o respaldo de vários eruditos. A Enciclopédia Judaica (1901) declara: “O vinho fresco antes da fermentação era chamado yayin-mi-gat [vinho de tonel] (Sanh, 70a)”. Além disso, a Enciclopédia Judaica (1971) declara que o termo yayin era usado para designar o suco de uva em diferentes etapas, inclusive “o vinho recém-espremido antes da fermentação”. O Talmude Babilônico atribui ao rabino Hiyya uma declaração a respeito de “vinho [yayin] do lagar” (Baba Bathra, 97a). E em Halakot Gedalot consta: “Pode-ser espremer um cacho de uvas, posto que o suco da uva é considerado vinho [yayin] em conexão com as leis do nazireado” (citado por Louis Ginzberg no Almanaque Judaico Americano, 1923, pp. 408, 409). Para um exame de oinos, o termo equivalente no grego no NT, à palavra hebraica yayin, ver os estudos o VINHO NOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO 1 e 2.
(2) A outra palavra hebraica traduzida por “vinho” é tirosh, que significa “vinho novo” ou “vinho da vindima”. Tirosh ocorre 38 vezes no AT; nunca se refere à bebida fermentada, mas sempre ao produto não-fermentado da videira, tal como o suco ainda no cacho de uvas (Isaías 65:8), ou o suco doce de uvas recém-colhidas (Deuteronômio 11:14; Provérbios 3:10; Joel 2:24). Brown, Driver, Briggs (Léxico Hebraico-Inglês do Velho Testamento) declaram que tirosh significa “mosto, vinho fresco ou novo”. A Enciclopédia Judaica (1901) diz que tirosh inclui todos os tipos de sucos doces e mosto, mas não “vinho fermentado”. Tirosh tem “benção nele” (Isaías 65:8); o vinho fermentado, no entanto, “é escarnecedor” (Provérbios 20:1) e causa embriaguez (ver Provérbios 23:31).
(3) Além dessas duas palavras para “vinho”, há outra palavra hebraica que ocorre 23 vezes no Antigo Testamento, e frequentemente no mesmo contexto – shekar, geralmente traduzida por “bebida forte” (e.g., I Samuel 1:15; Neemias 6:3). Certos estudiosos dizem que shekar, mais comumente, refere-se à bebida fermentada, talvez feita de suco de fruto de palmeira, de romã, de maçã, ou de tâmara. A Enciclopédia Judaica (1901) sugere que quando yayin se distingue de shekar, aquele era um tipo de bebida fermentada diluída em água, ao passo que esta não era diluída. Ocasionalmente, shekar pode referir-se a um suco doce, não-fermentado, que satisfaz (Robert P. Teachout: “O Uso de Vinho no Velho Testamento”, dissertação de doutorado em Teologia, Seminário Teológico Dallas, 1979). Shekar relaciona-se com shakar, um verbo hebraico que pode significar “beber a vontade”, além de “embriagar”. Na maioria dos casos, saiba-se que quando yayin e shekar aparecem juntos, formam uma única figura de linguagem que se refere às bebidas embriagantes.
A POSIÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO SOBRE O VINHO FERMENTADO.
Em vários lugares o AT condena o uso de yayin e shekar como bebidas fermentadas.
(1) A Bíblia descreve os maus efeitos do vinho embriagante na história de Noé (Gênesis 9:20-27). Ele plantou uma vinha, fez à vindima, fez o vinho embriagante de uva e bebeu. Isso o levou à embriaguez, à imodéstia, à indiscrição e à tragédia familiar em forma de uma maldição imposta por Canaã. Nos tempos de Abraão, o vinho embriagante contribuiu para o incesto que resultou em gravidez nas filhas de Ló (Gênesis 19:31-38).
(2) Devido ao potencial das bebidas alcoólicas para corromper, Deus ordenou que todos os sacerdotes de Israel se abstivessem de vinho e doutras bebidas fermentadas, durante sua vida ministerial. Deus considerava a violação desse mandamento suficientemente grave para motivar a pena de morte para o sacerdote que a cometesse (Levítico 10:9-11).
(3) Deus também revelou a Sua vontade a respeito do vinho e das bebidas fermentadas ao fazer da abstinência uma exigência para todos que fizessem voto do narizeado (ver próxima seção).
(4) Salomão, na sabedoria que Deus lhe deu, escreveu: “O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio” (Provérbios 20.1). As bebidas alcoólicas podem levar o usuário a zombar do padrão de justiça estabelecido por Deus e a perder o autocontrole no tocante ao pecado e à imoralidade.
(5) Finalmente, a Bíblia declara de modo inequívoco que para evitar ais e pesares e, em lugar disso, fazer a vontade de Deus, os justos não devem admirar, nem desejar qualquer vinho fermentado que possa embriagar e viciar (ver Provérbios 23:29-35).
OS NAZIREUS E O VINHO
O elevado nível de vida separada e dedicada a Deus, dos nazireus, devia servir como exemplo a todo israelita que quisesse assim fazer (ver Números 6:2). Deus deu aos nazireus instruções claras a respeito do uso do vinho.
(1) Eles deviam abster-se “de vinho e de bebida forte” (6:3; ver Deuteronômio 14:26); nem sequer lhes era permitido comer ou beber qualquer produto feito de uvas, quer em forma líquida, quer em forma sólida. O mais provável é que Deus tenha dado esse mandamento como salvaguarda ante a tentação de tomar bebidas inebriantes e ante a possibilidade de um nazireu beber vinho alcoólico por engano (6:3-4). Deus não queria que uma pessoa totalmente dedicada à Ele se deparasse com a possibilidade de embriaguez ou de viciar-se (cf. Levítico 10:8-11; Provérbios 31:4-5). Daí, o padrão mais alto posto diante do povo de Deus, no tocante às bebidas alcoólicas, era a abstinência total (6.3-4).
(2) Beber álcool leva, frequentemente, a vários outros pecados (tais como imoralidade sexual ou a criminalidade). Os nazireus não deviam comer nem beber nada que tivesse origem na videira, a fim de ensinar-lhes que deviam evitar o pecado e tudo que se assemelhasse ao pecado, que leva a ele, ou que tenta a pessoa cometê-lo.
(3) O padrão divino para os nazireus, da total abstinência de vinho e de bebidas fermentadas, era rejeitado por muitos em Israel nos tempos de Amós. Esse profeta declarou que os ímpios “aos nazireus destes vinho a beber” (ver Amós 2:12). O profeta Isaías declara por sua vez: “o sacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte; são absorvidos do vinho, desencaminham-se por causa da bebida forte, andam errados na visão e tropeçam no juízo. Porque todas as suas mesas estão cheias de vômitos e de imundícia; não há nenhum lugar limpo” (Isaías 28:7-8). Assim ocorreu, porque esses dirigentes recusaram o padrão da total abstinência estabelecido por Deus (ver Provérbios 31:4-5).
(4) A marca essencial do nazireado – i.e., sua total consagração a Deus e aos seus padrões mais elevados – é um dever do crente em Cristo (cf. Romanos 12:1; II Coríntios 6: 17; 7:1). A abstinência de tudo quanto possa levar a pessoa ao pecado, estimular o desejo por coisas prejudiciais, abrir caminho à dependência de drogas ou do álcool, ou levar um irmão ou irmã a tropeçar, é tão necessário para o crente hoje quanto o era para o nazireu dos tempos do AT (ver I Ts 5:6; Tt 2:2; ver os estudos O VINHO NOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO (1) e (2)).
O VINHO NOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO (1)
Lucas 7: 33,34 “Porque veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho , e dizeis: Tem demônio. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos pecadores”.
VINHO: FERMENTADO OU NÃO FERMENTADO?
Segue-se um exame da palavra bíblica mais comumente usada para vinho. A palavra grega para “vinho”, em Lucas 7: 33, é oinos. Oinos pode referir-se a dois tipos bem diferentes de suco de uva: (1) suco não fermentado, e (2) vinho fermentado ou embriagante. Esta definição apoia-se nos dados abaixo.
(1) A palavra grega oinos era usada pelos autores seculares e religiosos, antes da era cristã e nos tempos da igreja primitiva, em referência ao suco fresco da uva (ver Aristóteles, Metereologica, 387.b.9-13). (a) Anacreontes (c. de 500 a.C.) escreve: “Esprema a uva, deixe sair o vinho [oinos]” (Ode 5). (b) Nicandro (século II a.C.) escreve a respeito de espremer uvas e chama de oinos o suco daí produzido (Georgica, fragmento 86). (c) Papias (60-130 d.C.), um dos pais da igreja primitiva, menciona que quando as uvas são espremidas produzem “jarros de vinho [oinos]” (citado por Irineu, Contra as Heresias, 5.33. 3-4). (d) Uma carta em grego escrita em papiro (P.Oxy. 729; 137 d.C.), fala de “vinho [oinos] fresco, do tanque de espremer” (ver Moulton e Milligan, The Vocabulary of the Greek Testament, p.10) (e) Ateneu (200 d.C.) fala de um “vinho [oinos]doce”, que não deixa pesada a cabeça” (Ateneu, Banquete, 1.54). Noutro lugar, escreve a respeito de um homem que colhia uvas “acima e abaixo, pegando vinho [oinos] no campo”(1.54). Para considerações mais pormenorizadas sobre o uso de oinos pelos escritores antigos, ver Robert P. Teachout: “O Emprego da Palavra Vinho no Antigo Testamento”. (Dissertação de Th. D. no Seminário Teológico de Dallas, 1979).
(2) Os eruditos judeus que traduziram o AT do hebraico para o grego c. de 200 a.C. empregaram a palavra oinos para traduzir varias palavras hebraicas que significam vinho (ver o estudo VINHO NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO). Noutras palavras, os escritores do Novo Testamento entendiam que oinos pode referir-se ao suco de uva, com ou sem fermentação.
(3) Quanto à literatura grega secular e religiosa, um exame de trechos do Novo Testamento também revela que oinos pode significar vinho fermentado, ou não fermentado. Em Efésios 5:18, o mandamento: “não vos embriagueis com vinho [oinos] “ refere-se ao vinho alcoólico. Por outro lado, em Apocalipse 19:15 Cristo é descrito pisando o lagar, O texto grego diz: “Ele pisa o lagar do vinho [oinos]”: o oinos que sai do lagar é suco de uva (ver Isaías 16:10, Jeremias 48:32,33). Em Apocalipse 6.6 oinos refere-se às uvas da videira como uma safra que não deve ser destruída. Logo, para os crentes dos tempos no Novo Testamento, “vinho” (oinos) era uma palavra genérica que podia ser usada para duas bebidas distintivamente diferentes, extraídas da uva: o vinho fermentado e o não fermentado.
(4) Finalmente, os escritores romanos antigos explicam com detalhes vários processos usados para tratar o suco de uva recém-espremido, especialmente as maneiras de evitar sua fermentação. (a) Columela (Da Agricultura, 12.29), sabendo que o suco de uva não fermenta quando mantido frio abaixo (abaixo de 10 graus C.) e livre de oxigênio, escreve da seguinte maneira: “Para que o suco de uva sempre permaneça tão doce como quando produzido, siga estas instruções: Depois de aplicar a prensa às uvas, separe o mosto mais novo [i.e., suco fresco], coloque-o num vasilhame (amphora) novo, tampe-o bem e revista-o muito cuidadosamente com piche para não deixar a mínima gota de água entrar; em seguida, mergulhe-o numa cisterna ou tanque de água fria, e não deixe nenhuma parte de ânfora ficar acima da superfície. Tire a ânfora depois de quarenta dias. O suco permanecerá doce durante um ano” (ver também Columela: Agricultura e Árvores; Catão: Da Agricultura). O escritor romano Plínio (século I d.C.) escreve: “Tão logo tiram o mosto [suco de uva] do lagar colocam-no em tonéis, deixam eles submersos na água até passar a primeira metade do inverno, quando o tempo frio se instala” (Plínio, História Natural, 14.11.83). (b) Outro método de impedir a fermentação das uvas é fervê-las e fazer um xarope (para mais detalhes, ver o estudo O VINHO NOS TEMPOS DOS NOVOS TESTAMENTOS (2)). Historiadores antigos chamavam esse produto de “vinho” (oinos). O Cônego Farrar (Smith’s Bible Dictionary , p. 747) declara que “os vinhos assemelhavam-se mais a xarope; muitos deles não eram embriagantes”. Ainda, O Novo Dicionário da Bíblia (p.1665), observa que “sempre havia menos de conservar doce o vinho durante o ano inteiro”.
O USO DO VINHO NA CEIA DO SENHOR
Jesus usou uma bebida fermentada ou não fermentada de uvas, ao instituir a Ceia do Senhor (Mateus 26:26-29; Marcos 14:22-25; Lucas 22:17-20; I Coríntios 11:23-26)? Os dados abaixo levam à conclusão de que Jesus e seus discípulos beberam no dito ato suco de uva não fermentado.
(1) Nem Lucas nem qualquer outro escritor bíblico emprega a palavra “vinho” (gr. Oinos) no tocante à Ceia do Senhor. Os escritores dos três primeiros Evangelhos empregam à expressão “fruto da vide” (Mateus 26:29; Marcos 14:235; Lucas 22:18) O vinho não fermentado é o único “fruto da vide” verdadeiramente natural, contendo aproximadamente 20% de açúcar e nenhum álcool. A fermentação destrói boa parte do açúcar e altera aquilo que a videira produz. O vinho fermentação não é produzido pela videira.
(2) Jesus instituiu a Ceia do Senhor quando Ele e seus discípulos estavam celebrando a Páscoa. A lei da Páscoa em Êxodo 12:14-20 proibia, durante a semana daquele evento, a presença do seor (Êxodo 12:15), palavra hebraica para fermento ou qualquer agente fermentador. Seor, no mundo antigo, era frequentemente obtido da espuma espessa da superfície do vinho quando em fermentação. Além disso, todo hametz (i.e., qualquer coisa fermentada) era proibido (Êxodo 12:19; 13:7). Deus dera essas leis porque a fermentação simbolizava a corrupção e o pecado (cf. Mateus 16:6,12; I Coríntios 5:7,8). Jesus, o Filho de Deus, cumpriu a lei em todas as suas exigências (Mateus 5:17). Logo, teria cumprido a Lei de Deus para a Páscoa e não teria usado vinho fermentado.
(3) Um intenso debate perpassa os séculos entre os rabinos e estudiosos judaicos sobre a proibição ou não dos derivados fermentados da videira durante a Páscoa. Aqueles que sustentam uma interpretação mais rigorosa e literal das Escrituras hebraicas, especialmente Êxodo 13:7, declaram que nenhum vinho fermentado devia ser usado nessa ocasião.
(4) Certos documentos judaicos afirmam que o uso do vinho não fermentado na Páscoa era comum nos tempos no Novo Testamento. Por exemplo: “Segundo os Evangelhos Sinótipos, parece que no entardecer da quinta-feira da última semana de vida aqui, Jesus entrou com seus discípulos em Jerusalém, para com eles comer a Páscoa na cidade santa, neste caso, o pão e o vinho do culto de Santa Ceia instituído naquelqa ocasião por Ele, como memorial, seria o pão asmo e o vinho não fermentado do culto Seder” (ver “Jesus”. The Jewish Encyclopaedia, edição de 1904. V.165).
(5) No Antigo Testamento, bebidas fermentadas nunca deviam ser usadas na casa de Deus, e em sacerdote não podia chegar-se a Deus em adoração se tomasse bebida embriagante (Levítico 10:9). Jesus Cristo foi o Sumo Sacerdote de Deus do novo concerto, e chegou-se a Deus em favor do seu povo (Hebreus 3:1; 5:1-10).
(6) O valor de um símbolo se determina pela sua capacidade de conceituar a realidade espiritual. Logo, assim como o pão representava o corpo puro de Cristo e tinha que ser pão asmo (i.e., sem a corrupção da fermentação), o fruto da vide, representando o sangue incorruptível de Cristo, seria melhor representado por suco de uva não fermentado (cf. I Pedro 1:18,19). Uma vez que as Escrituras declaram explicitamente que o corpo e sangue de Cristo não experimentaram corrupção (Salmos 16:10; Atos 2:27; 13:37), esses dois elementos são corretamente simbolizados por aquilo que não é corrompido nem fermentado.
(7) Paulo determinou que os coríntios tirassem dentre eles o fermento espiritual, i.e., o agente fermentador “da maldade e da malícia”, porque Cristo é a nossa Páscoa (I Coríntios 5:6-8). Seria contraditório usar na Ceia do Senhor um símbolo da maldade, i.e., algo contendo levedura ou fermento, se considerarmos os objetivos dessa ordenança do Senhor, bem como as exigências bíblicas para dela participarmos.
O VINHO NOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO (2)
João 2:11 “Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele”.
O VINHO: MISTURADO OU INTEGRAL?
Os dados históricos sobre o preparo e uso do vinho pelos judeus e por outras nações no mundo bíblico mostram que o vinho era: (a) frequentemente não fermentado; e (b) em geral misturado com água. O estudo anterior O VINHO NOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO, aborda um dos processos usados para manter o suco de uva fresco em estado doce e sem fermentação. O presente estudo menciona dois outros processos de preparação da uva para posteriormente ser misturada com água.
(1) Um dos métodos era desidratar as uvas, borrifá-las com azeite para mantê-las úmidas e guardá-las em jarras de cerâmica (Enciclopédia Bíblica Ilustrada de Zonderyan, V. 882; ver também Columella, Sobre a Agricultura 12.44.1-8). Em qualquer ocasião, podia-se fazer uma bebida muito doce de uvas assim conservadas. Punha-se-lhes água e deixava-as de molho ou na fervura. Políbio afirmou que as mulheres romanas podiam beber desse tipo de refresco de uva, mas que eram proibidas de beber vinho fermentado (ver Políbio, Fragmentos, 6.4; cf. Plínio, História Natural, 14.11.81).
(2) Outro método era ferver suco de uva fresco até se tornar em pasta ou xarope grosso (mel de uvas); este processo deixava-o em condições de ser armazenado, ficando isento de qualquer propriedade inebriante por causa da alta concentração de açúcar, e conservava a sua doçura (ver Columella, Sobre a Agricultura 12.19.1-6; 20.1-8; Plínio, História Natural, 14.11.80). Essa pasta ficava armazenada em jarras grandes ou odres. Podia ser usada como geleia para passar no pão, ou dissolvida em água para voltar ao estado de suco de uva (Enciclopédia Bíblica Ilustrada, de Zondervan, V.882-884). É provável que a uva fosse muito cultivada para produção de açúcar. O suco extraído no lagar era engrossado pela fervura até tornar-se em líquido conhecido como “mel de uvas” (Enciclopédia Geral Internacional da Bíblia, V.3050). Referência ao mel na Bíblia frequentemente indicam o mel de uva (chamado debash pelos judeus), em vez do mel de abelha.
(3) A água, portanto, pode ser adicionada a uvas desidratadas, ao xarope de uvas e ao vinho fermentado. Autores gregos e romanos citavam várias proporções de mistura adotadas. Homero (Odisséia, IX 208ss.) menciona uma proporção de vinte partes de água para uma parte de vinho. Plutarco (Symposíacas,III.ix) declara: “Chamamos o vinho diluído, embora o maior componente seja a água”. Plínio (História Natural, XIV.6.54) menciona uma proporção de oito partes de água para uma de vinho.
(4) Entre os judeus dos tempos bíblicos, os costumes sociais e religiosos não permitiam o uso de vinho puro, fermentado ou não. O Talmude (uma obra judaica que trata das tradições do judaísmo entre 200 a.C. e 200 d.C.) fala, em vários trechos, da mistura de água com vinho (e.g., Shabbath 77a; Pesahim 1086). Certos rabinos insistiam que, se o vinho fermentado não fosse misturado com três partes de água, não podia ser abençoado e contaminaria quem o bebesse. Outros rabinos exigiam dez partes de água no vinho fermentado para poder ser consumido.
(5) Um texto interessante temos no livro de Apocalipse, quando um anjo, falando do “vinho da ira de Deus”, declara que ele será “não misturado”, i.e., totalmente puro (Apocalipse 14:10). Foi assim expresso porque os leitores da época entendiam que as bebidas derivadas de uvas eram misturadas com água (ver João 2.3).
Em resumo, o tipo de vinho usado pelos judeus nos dias da Bíblia não era idêntico ao de hoje. Tratava-se de (a) suco de uva recém-espremido; (b) suco de uva assim conservado; (c) suco obtido de uva tipo passas; (d) vinho de uva feito do seu xarope, misturado com água e (e) vinho velho, fermentado ou não, diluído em água, numa proporção de até 20 para 1. Se o vinho fermentado fosse servido não diluído, isso era considerado indelicadeza, contaminação e não podia ser abençoado pelos rabinos. À luz desses fatos, é ilícita a prática corrente de ingestão de bebidas alcoólicas com base no uso do “vinho” pelos judeus nos tempos bíblicos. Além disso, os cristãos dos dias bíblicos eram mais cautelosos do que os judeus quanto ao uso do vinho (ver Romanos 14:21; I Tessalonicenses 5:6; I Timóteo 3:3 e Tito 2:2).
Fonte: Bíblia de Estudo Pentecostal (Editora CPAD - 1995 - Páginas 241 e 242, 1517, 1518 1572 e 1573)